O lance decisivo no Centro-Oeste é ainda mais singular pelo fato de os ídolos cruz-maltinos pouco se relacionarem fora de campo, e de Felipe ter pedido para não atuar na posição em que vinha sendo escalado, como último homem do meio-campo. Muito se fala a respeito das diferenças entre ambos. A comemoração do gol, no entanto, mostrou um abraço e um beijo fraternal, digno de quem esquece as diferenças e embala para uma reta final positiva, firme na zona de classificação para a Libertadores e ainda está de olho no título nacional.
O segundo triunfo consecutivo coloca o Vasco com 50 pontos, quatro à frente do São Paulo, três atrás do Grêmio, o terceiro colocado, e a 12 pontos do líder Fluminense, que passou pelo Botafogo e manteve a ponta com sobras. Já o Rubro-Negro, com a terceira derrota seguida, estaciona de vez na lanterna, com 20 pontos e remotas perspectivas de fugir do rebaixamento.
Recheado de vascaínos, que dominaram o estádio, o público foi de 13.212 pagantes, para uma renda de R$ 411.155,00. Na próxima rodada, o Gigante da Colina encara justamente o São Paulo, quarta-feira, em São Januário, às 22h (de Brasília). Já o Atlético-GO visita o Figueirense, penúltimo colocado, no mesmo dia, só que às 19h30m.
Ao deixar o gramado, o zagueiro Dedé avaliou o triunfo:
- O time dos caras soube defender bem com um a menos, dificultou para a gente. Não tivemos muitas oportunidades, não fomos agressivos, mas conseguimos o gol com passe do Felipe para o Juninho - destacou o Mito.
Do outro lado, resignação do atacante Felipe, de volta após mais de um mês parado.
- A derrota dói, sabemos que é difícil sair dessa situação. Mas, aconteça o que acontecer, no dia 2 de dezembro temos que acabar o campeonato com dignidade - afirmou.
Pressão vascaína x perigo rubro-negro
Início da partida já exibia o panorama natural em Goiânia: os cariocas com mais posse de bola, e o Dragão em busca do contra-ataque, reconhecendo sua limitação diante da consequente iminência do rebaixamento. A postura das equipes também refletia na arquibancada, com a superioridade cruz-maltina absoluta. Mas a etapa inicial reservaria outras alternativas dramáticas para este cenário.
Com dificuldade para penetrar na defesa goiana, o Vasco apostou nos cruzamentos como válvula de escape. Foram dez escanteios só nos primeiros 45 minutos. Mas esbarrou no jogo aéreo eficiente do rival e no goleiro Márcio, que demonstrava segurança. Nilton, de cabeça, e Eder Luis, em chute fraco, criaram as tímidas chances, longe de empolgar. Em sua centésima partida pelo clube, Carlos Alberto esteve apagado e falhou na ligação.
Por outro lado, a estratégia do Atlético-GO não soava tão equivocada. Com espaço e velocidade, ganhava algumas disputas no campo de ataque e fazia Dedé e companhia correrem atrás, apesar de certa desorganização. Até que, com o nervosismo atrelado à posição na classificação, o zagueiro Gustavo perdeu o controle. Fez falta, reclamou com o árbitro, levou um amarelo e, não satisfeito, o chamou de "filho da p...", causando a expulsão, com apenas 24 minutos de partida.
O Vasco, então, apertou a pressão, tanto na marcação da saída de bola como nas jogadas ofensivas. Mas faltavam capricho e tabelas. O técnico Artur Neto foi obrigado a tirar o meia Alexandre Oliveira para colocar o zagueiro Diego Giaretta. Ainda assim, com o passar do tempo, as melhores chances surgiram dos pés rubro-negros. Marino errou o alvo, aos 36, Eron parou em Prass, aos 44, assim como Márcio, em cobrança de falta, aos 47, sempre em contragolpes, preocupando Marcelo Oliveira, que decidiu mexer no intervalo.
Cariocas se lançam, e Juninho decide
Com um novo desenho, o time da Colina voltou com Felipe como ponta esquerda, no lugar de Thiago Feltri, e Wendel dando suporte, e Fellipe Bastos solto para ir à linha de fundo, tomando a vaga de Jonas, que pouco explorou este recurso. Ainda sonhando com o título, o intuito vascaíno era claro: não abrir mão de vencer, motivado pelas circunstâncias. Mas, mesmo com o apoio maciço da torcida, estava difícil. A ansiedade com os erros na hora H só crescia.
Destaque na semana, a promessa Marlone substituiu Carlos Alberto e fez sua estreia entre os profissionais. Na primeira jogada, meteu a bola na pequena área, porém, como um repeteco de todo o jogo até então, não havia ninguém posicionado para concluir. Como essa, ocorreram pelo menos mais cinco, só trocando de protagonista. Enquanto isso, o Dragão sonhava encaixar um lançamento, o que aconteceu aos 30. No mano a mano com Renato Silva, Felipe bateu para fora, raspando a trave, e desperdiçou a única oportunidade clara rubro-negra na etapa final.
Pouco a pouco, o duelo esfriou, e os vascaínos trocaram a euforia pela cobrança vinda das arquibancadas. O cansaço, no entanto, era notório, já que a temperatura passava dos 30 graus. A dura mexeu com os jogadores, Nilton acertou o travessão aos 38, em bomba de longe, e logo depois, aos 41, a dupla de ídolos entrou em ação. Felipe foi à linha de fundo e rolou para Juninho, que bateu de primeira e correu para o abraço com o companheiro de longa data. Para deixar de lado as frequentes polêmicas sobre a relação dos dois, o Reizinho tascou até um beijo na careca do Maestro.
Daí em diante, o Vasco só tocou a bola e segurou a vitória que o sustenta no G-4 e também mantém um fio de esperança de título. Houve tempo para Alecsandro perder um gol, com a defesa de Márcio após ficar sem ângulo, e também para mais uma expulsão: o atacante Ricardo Bueno foi punido com o cartão vermelho depois de um carrinho violento em Juninho, o rei do dia. Mais uma vez.
Fonte: Globo Esporte
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